Abner: “Todo sucesso que alcancei nesta temporada é graças ao Lyon”
- ogalofrances
- 8 de nov. de 2024
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Atualizado: 10 de nov. de 2024
O jornal L’Equipe publicou nesta quinta (07/11) uma entrevista exclusiva com o lateral esquerdo do Lyon, Abner Vinícius, que foi novamente convocado pelo técnico Dorival Júnior para defender a seleção brasileira nos dois próximos compromissos contra a Venezuela e Uruguai pelas eliminatórias da Copa do Mundo.
Vamos reproduzir a entrevista do lateral brasileiro. A reportagem do L’Equipe, assinada por Eric Frosio, está aqui.
Tímido, mas confiante, Abner está encantado com a temporada no Olympique Lyonnais e com as convocações para a seleção brasileira.
“Bonjour”, “ça va”, “merci”, “três bien”... Se Abner, 24 anos, lista suas palavras favoritas com um sorriso, ele sabe que seu francês ainda é limitado. Mas isso não o impediu de se adaptar muito bem ao seu novo clube. No Lyon, ele disputou oito partidas na Ligue 1 e marcou um gol, praticamente dois anos depois do anterior. Discreto, o natural de Presidente Prudente, em São Paulo, chegou a comemorar suas primeiras convocações para a seleção brasileira: “tudo graças ao OL”, diz ele.

Foto: Stéphane Guiochon
L’EQUIPE: Você viveu a melhor semana da sua carreira em meados de outubro com a primeira convocação para a seleção e o primeiro gol pelo Lyon?
ABNER: Sim, foi uma semana de sonho! Não só para mim, mas também para quem me acompanha. É a recompensa por anos de trabalho. Foi graças ao Lyon que tudo isto aconteceu. Desde que assinei o contrato, tenho tentado fazer as coisas da melhor forma possível e tudo está indo muito bem. É como se o OL tivesse me trazido sorte.
L’EQUIPE: Parece que você é tímido. Como você superou a ansiedade de vestir a camisa da seleção?
ABNER: Sou reservado com pessoas que não conheço. Às vezes não quero atrapalhar ou invadir o espaço de outra pessoa, então fico no meu lugar. Mas em clima de vestiário, onde é preciso criar conexões, não me saio tão mal. De praxe, cantei o hino nacional brasileiro. Queria mostrar meu compromisso com meu país.
L’EQUIPE: No mundo do futebol, onde é importante vender-se, não é um problema ser tão discreto?
ABNER: Costumo dizer que o trabalho e as ações valem mais que as palavras. Cheguei até aqui sendo eu mesmo, então isso prova que não precisei me vender para chegar longe. Prefiro ficar inativo (nas redes sociais). As únicas opiniões que me interessam são as das pessoas próximas de mim.
L’EQUIPE: Conte-nos sobre sua infância.
ABNER: Não tivemos as melhores condições, mas nunca nos faltou nada. Minha mãe era uma guerreira, mas meus modelos eram meu pai, um paramédico, e meus dois irmãos mais velhos, Jean e Wesley. Estes são meus três exemplos. Eles me inspiraram na vida e no futebol.
L’EQUIPE: No Athletico Paranaense, você passou pela pior tragédia da sua vida com a morte de Wesley, seu irmão mais velho.
ABNER: Ele foi meu exemplo, uma pessoa muito querida. Antes de falecer em decorrência de um câncer no intestino, ele me disse que eu era o sonho de toda a família. Estas foram suas últimas palavras. Isso me deu uma força incrível. Aprendi uma lição com essa tragédia: é preciso dar valor à vida e às pessoas que você ama. Depois disso, fiquei ainda mais próximo da minha família. Meu irmão viveu nesta terra e, embora sua vida tenha sido curta, deixou seu legado.
L’EQUIPE: Em março, o Lyon atravessava um momento esportivamente difícil. E você concordou em acertar com o clube?
ABNER: Mesmo que o OL estivesse mal classificado, isso não me assustou. É um clube que sempre foi o preferido pelos brasileiros. Há uma ligação afetiva que remete aos anos Juninho Pernambucano. Pretendo continuar esta tradição. Quando assinei, o Bruno Guimarães me disse que eu ia ser feliz no Lyon.
L’EQUIPE: Como você explica o sucesso da sua adaptação ao futebol francês?
ABNER: Fui bem recebido pela comissão técnica e pelos jogadores. Eu realmente não senti o peso da mudança. No que diz respeito ao futebol, é tão técnico como o futebol espanhol, mas requer mais físico. O grupo é de qualidade e é prazeroso treinar com jogadores assim. O que me preocupa é o frio. Minha esposa diz que gosta, mas não sabe o que é (risos). Eu sei bem que vamos sofrer (risos).
L’EQUIPE: Dois brasileiros do Botafogo (Luiz Henrique e Igor Jesus) podem chegar ao Olympique Lyonnais no próximo ano. Você falou com eles?
ABNER: Fazemos parte da mesma família, então trocamos informações, temos curiosidade de saber como vão as coisas, como são as estruturas e etc. Eles aprenderam sobre a vida cotidiana em Lyon. Além disso, eles sempre poderão conversar com Adryelson (emprestado ao Botafogo) sobre isso. Ele também conhece bem para descrever como este clube funciona.







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